Desde 2018, as fabricantes de celulares apostam no lançamento de aparelhos com o conceito de tela dobrável. Quem saiu na frente foi a startup chinesa Royole, que lançou o FlexPai em novembro de 2018. Ela foi seguida pelo Galaxy Fold. Logo depois a Hauwei anunciou o Mate X, e, mais recentemente, os consumidores puderam conhecer o Motorola Razr. Agora o mercado foi pego de surpresa pelo anúncio do lançamento do Fold 1, um celular dobrável que está sendo vendido por um personagem bastante controverso: Roberto de Jesús Escobar Gaviria.
Roberto é irmão de Pablo Escobar, um dos maiores narcotraficantes da história, e um dos fundadores do Cartel de Medellín. Ele disse que o Fold 1 é feito com um plástico “especial”, praticamente “inquebrável”. Além do hardware de ponta e do design inovador, Gaviria quer chamar a atenção do mercado mundial de smartphones cobrando apenas US$350 pela versão mais simples (6GB/128GB) e US$500 pela mais parruda (8GB/512GB).
“Este é um dispositivo completamente revolucionário no mundo mobile. A ideia de Escobar foi eliminar o intermediário, ou seja, os varejistas e atacadistas, e lançar este benefício diretamente ao consumidor”, disse o CEO da Escobar Inc., Olof Gustafsson, em entrevista à CNET.
Ele afirmou que o celular está sendo vendido diretamente ao consumidor pelo site da empresa. Com a promessa de uma tela que “não quebra” e com configurações interessantes, parece que o Fold 1 realmente quer competir com modelos desse tipo já presentes no mercado.
Vem com a gente pra saber mais sobre o Fold 1 e conhecer os detalhes dessa história pra lá de inusitada. Nem mesmo os roteiristas de Narcos, a série da Netflix que contou a história de Pablo Escobar, poderiam prever essa virada de enredo.
Saiba mais: Celular dobrável: conheça os modelos dessa nova tendência
Configurações
O Fold 1 é um smartphone que, quando desdobrado, apresenta uma tela AMOLED de 7,8 polegadas. O aparelho traz o chip Snapdragon 8150 e conta com versões com 6GB ou 8GB de RAM, e 128 ou 512GB de armazenamento.
Ele é dual câmera, com um sensor de 20MP e outro de 16MP, que possuem o recurso de estabilização óptica de imagem. O celular tem leitor de impressões digitais, bateria com capacidade de 4.000mAh e sai de fábrica com o Android 9 Pie. Segundo o site da Escobar Inc., o telefone é vendido desbloqueado e “funciona em todas as redes dos EUA e do mundo”.
Seu preço de US$350 costuma ser aplicado a aparelhos intermediários, mas ele apresenta características de um top de linha. O Fold 1 oferece 128GB de armazenamento. Já a versão de US$500 possui 512 GB.
Roberto Escobar Gaviria garante que tela é inquebrável por ser “feita de um tipo especial de plástico”, e que o celular é extremamente seguro, o que dificulta eventuais invasões em seu sistema.
Fold 1 é um celular original?
Só tem um detalhe que Roberto Escobar Gaviria não conta: o Fold 1 é muito semelhante ao Royole FlexPai, primeiro celular dobrável apresentado ao mundo, tanto nas especificações quanto nos gráficos.
Há quem diga que o Fold 1 é apenas um “celular remarcado”, ou seja, ele seria o mesmo smartphone FlexPai apenas com a marca renomeada.
A Escobar Inc. diz que os aparelhos são montados em Hong Kong com peças compradas na China. “As fabricantes de celular têm lucros gigantescos porque vendem tecnologia velha, que custa US$2 para fabricar. Precisamos mudar isso”, diz o CEO Olof Gustafsson.
Como foi o lançamento do Fold 1
No final de 2019, a Escobar Inc. fez barulho nas redes sociais ao anunciar o smartphone de tela dobrável por US$350. É uma proposta audaciosa: os celulares do tipo já lançados no mercado custam pelo menos quatro vezes mais que isso.
O Galaxy Fold, da Samsung, é vendido a US$1.980 nos EUA, porém no mercado nacional está saindo – sente-se antes de ler – míseros R$12.999. Já o Mate X, da Huawei, tem preço equivalente a US$2,4 mil na China, e nem chegou a terras brasileiras.
Em seu discurso oficial, a Escobar Inc. diz querer combater os altos preços praticados pelas fabricantes de smartphones levando a tecnologia de “de volta para as pessoas”.
“Não somos a máfia. A verdadeira máfia é a Apple”, disse o sueco Olof Gustafsson, CEO da Escobar Inc., ao jornal O Estado de S. Paulo. Para o executivo, os preços praticados pela dona do recém-lançado iPhone 11 são um ultraje.
Além de Gustafsson, apenas outro nome aparece listado no site da empresa: Roberto Escobar Gaviria, que deixou a prisão em 2003 e é apresentado no próprio site como “contador e chefe de assassinatos” do Cartel de Medellín, organização liderada pelo irmão nos anos 80 e 90.
Fold 1 quer bater o iPhone
Em entrevista ao Digital Trends, Gaviria disse que seu objetivo ao entrar no mercado de smartphones é derrubar a Apple. “Cortei as redes e os varejistas para vender aos clientes telefones dobráveis por apenas US$349. Esses mesmos telefones custam milhares de dólares pela Samsung e outros. Esse é meu objetivo: vencer a Apple e fazê-lo como sempre fiz”.
No auge, o cartel de Medellin era dono de 80% do mercado de cocaína nos EUA. Quando morreu, Pablo Escobar tinha uma fortuna estimada em atuais US$58 bilhões. Ele seria mais rico que o fundador do Alibaba, Jack Ma, cuja fortuna é de US$41,5 bilhões, segundo a Forbes.
Não é o primeiro negócio de Roberto no ramo da tecnologia. O empreendedor colombiano também se aventurou em vendas de tochas de propano semelhantes à lança-chamas. Ele, inclusive, acusou Elon Musk de roubo de propriedade intelectual em um dos projetos da The Boring Company. Ele também já criou sua própria moeda virtual, a Diet Bitcoin (DDX).
Campanha publicitária do Fold 1
A campanha do smartphone fez barulho: nela, a empresa trouxe vídeos e fotos com modelos de origem russa usando lingeries enquanto interagem com o dispositivo. Muitos consideraram a campanha sexista e ofensiva.
Entretanto, o CEO da Escobar Inc. discorda e rebate as críticas. “Essas moças são uma boa representação da nossa marca. Se você quer comprar um ‘Pablo Escobar’, você quer algo legal, sexy e novo”, disse Gustafsson.
“Poderíamos ser ‘profissionais’ e ter um vídeo simples do telefone, mas a diferença é que somos a Pablo Escobar e podemos fazer o que quisermos. Tínhamos muitas garotas, pegamos as melhores e fizemos acontecer, meu amigo”, afirmou.
Para ele, isso não aliena parte do público. Além disso, ele não vê como problemático o fato de a companhia se promover usando a imagem de um dos traficantes mais conhecidos do mundo. “O verdadeiro problema é que a mídia tem contratos milionários com a Samsung, que a impede de nos divulgar. É aí que está a verdadeira corrupção”, diz o CEO.
Saiba mais sobre o FlexPai, o primeiro celular com tela dobrável
Lá por meados de 2018, havia uma forte expectativa de que a Samsung iria anunciar seu smartphone dobrável. Como todo mundo quer sair na frente, antes dela vimos uma startup chinesa de nome Royole lançar seu primeiro celular dobrável. Um tanto quanto desconhecida no Ocidente, a Royole saiu à frente nessa nova tendência do mercado.
O smartphone, que se chama FlexPai, tem tela AMOLED de 7,8 polegadas e espessura de 7,6mm. Suas câmeras trazem 16 e 20 megapixels (grande angular e teleobjetiva, respectivamente), e a bateria de 3.800mAh pode ser carregada em 80% com apenas 60 minutos na tomada.
Além disso, o processador é um Snapdragon 8150, o que fez do FlexPai o primeiro smartphone do mundo a usar este novo chipset, que é o sucessor do Snapdragon 845.
O Royole FlexPai está longe de ser um primor de design, mas ele trouxe configurações robustas que o colocaram para além de um produto que chegou meramente para trazer uma imagem positiva de lançamento de flexíveis pela companhia.
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