Telefones de uso público, os orelhões são peças encontradas em qualquer país e cidade no mundo. Muito utilizados no início dos anos 1970, percebe-se hoje uma cadência na demanda dos mesmos. Países como a Inglaterra, por exemplo, descontinuaram o uso de suas famosas phone booths pela falta de uso e alto custo de manutenção do aparelho. Mas o que aconteceu com os orelhões nos tempos de hoje?
Telefones de uso público no Brasil
Aqui no Brasil, os orelhões tornaram-se febre no fim da década de 1970, assegurando seu posto de utilidade pública até meados dos anos 2000. A praticidade de encontrá-los em qualquer esquina e o baixo custo para usá-los, o tornaram uma peça chave para o desenvolvimento da comunicação brasileira.
Hoje, devido ao crescente desenvolvimento tecnológico no meio da comunicação, o uso de orelhões não faz mais parte do cotidiano brasileiro.
E agora o antes tão necessário telefone de uso público tornou-se uma peça obsoleta no cenário nacional.
Ainda assim, é possível encontrá-los em alguns lugares, dando vida a alguns questionamentos: Quais são as aplicações dos orelhões hoje? Quando, como e porquê devemos usá-los? Onde podemos encontrá-los? Mas primeiro, vamos ver um pouco de história!
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Como tudo começou…
Foi em 1971 que a cidade de São Paulo e a então Companhia Telefônica Brasileira (CTB), em parceria com a designer Chu Ming, começaram o processo de desenvolvimento do popularmente conhecido orelhão.
Seu nome verdadeiro, Chu II (em homenagem à sua criadora) foi um marco na história brasileira, já que antes de ser desenvolvido, a comunicação pública limitava-se a estabelecimentos que faziam parceria com a CTB.
Para fazer ligações rápidas, usadas para recados simples, era necessário comprar uma ficha (vendida em bancas de jornais), procurar um estabelecimento vinculado à instituição e então, fazer a ligação (e de forma rápida, afinal de contas, outras pessoas estavam esperando para usar o telefone).
Foi então que em 1972, as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo amanheceram com dezenas de orelhões, ou como eram chamados na época – capacetes de astronautas – espalhados pela cidade.
A revolução estava feita, agora, era possível comprar a ficha nas bancas de jornais e em outros postos de venda autorizados e então, fazer a ligação tranquilamente, envoltos por uma cápsula protetora, que impede o som de sair, e os ruídos de entrar.
Os orelhões rapidamente tornaram-se febre entre a população brasileira, já que era a forma mais econômica, rápida e segura de fazer uma ligação.
Seu design, logo tomou proporção internacional, sendo usado em outros países da América Latina.
A evolução foi constante e em 1992 as fichas foram abandonadas, passou-se a usar cartões pré-pagos com valores variantes.
Ao mesmo tempo que sua popularidade crescia, a empresa que os gerenciava passava por problemas, sendo então comprada por outras companhias.
Tempos modernos
Ao longo dos anos a CTB passou por diversos donos, até que hoje, em 2019, pertence a cinco empresas: Telefônica, CTBC, Embratel, Sercomtel e Oi, responsáveis pela manutenção dos telefones de uso público.
Destas cinco empresas, a Oi é a única que possui um plano pré-pago para ligações em orelhões.
Com o rápido desenvolvimento tecnológico acerca do âmbito da comunicação, os orelhões experienciaram uma grande perda de público.
Só em 2018, foram desativados 56% do número total de orelhões no país um impressionante número de 482.522 aparelhos.
Apesar da baixa procura, dificuldade de acesso e falta de necessidade dos mesmos, ainda é possível encontrá-los pelas cidades, com seu design atemporal e icônico.
Porquê, onde e como devemos usá-los?
Por que
Os orelhões são peça chave quando o assunto é emergência. Em casos de assalto, perda, sem bateria ou créditos no celular, os orelhões são a solução indicada para resolver a situação. Seu baixo custo e procura fazem com que as linhas estejam sempre livres, facilitando a comunicação com terceiros.
Os orelhões servem para qualquer tipo de emergência. Um exemplo disso, é que em casos de desastres naturais nos EUA, os telefones públicos são as vias mais seguras e rápidas de comunicação.
Onde?
É comum encontrá-los em locais movimentados, como metrôs, aeroportos, rodoviárias e terminais. Porém, também é possível encontrá-los espalhados pelos centros das cidades e locais frequentados por turistas, como museus, teatros e shoppings. Para facilitar o uso e localização dos orelhões, a Anatel possui um mapa contendo a localização e o status dos aparelhos. É possível verificar dados como, o número, a operadora e endereço do orelhão.
Como?
É possível executar chamadas através de um orelhão de quatro formas: a cobrar local ou para outras cidades, chamadas pré-pagas locais, ou chamadas pré-pagas internacionais.
Para executar chamadas locais a cobrar, é necessário inserir o código “9090” + o número desejado.
Para chamadas a cobrar a distância é necessário inserir o código “9090” + o código da cidade + o número desejado.
Para chamadas pré-pagas, se faz necessário adquirir cartões pré-pagos para executar ligações. É possível encontrá-los em postos de venda, como bancas de jornal, supermercados, mercearias e drogarias.
Para executá-las insira o cartão e disque o número desejado.
Nos casos de ligações pré-pagas internacionais, é necessário inserir “00” + “31” + código do país + código da cidade + número desejado.
Saiba todos os códigos das operadoras do Brasil neste outro artigo.
A Oi oferece alguns planos relacionados aos orelhões. Veja a seguir:
Plano Oi para orelhões
Das cinco empresas responsáveis pela manutenção dos telefones de uso público, a Oi, possui um pacote de cartões pré-pagos para a execução de ligações. São três tipos de cartão, com preços fixados pela empresa:
20 créditos = R$ 2,50
40 créditos = R$ 5,00
75 créditos = R$ 9,37
Durante a ligação os créditos diminuem e é possível verificar a quantidade restante no painel do telefone. As ligações podem ser feitas para qualquer operadora e o consumo de crédito varia de acordo com a duração da ligação.
A Oi também disponibiliza uma tabela dos postos oficiais de venda dos cartões.
Curiosidades
- Antes do icônico Chu II, um protótipo chamado Chu I foi desenvolvido. Com dimensões menores, foi apelidado de “orelhinha” e podia ser instalado direto em paredes ou adaptados a diversos suportes.
- “Orelhão” é o apelido dado a estrutura que cerca o telefone de uso público, pela sua semelhança com as orelhas.
- Em 1973, seu design tornou-se tão popular, que a Companhia Telefônica Brasileira, exportou 3 aparelhos para Moçambique, na África. O que mais tarde fez com que diversos países africanos adotassem o modelo.
- Em 1972, Carlos Drummond de Andrade escreveu a crônica “Amenidades da Cidade” em homenagem ao lançamento dos orelhões.
- Ao serem lançados em 1971, foram apelidados de “Tulipas”, nos casos onde eram instalados em grupos de três, e “Capacete de Astronauta” pela sua estrutura.
- Em 2016, os orelhões completaram 45 anos.
- Seu design oval e desenvolvido por Chu Ming foi inspirado nas cascas de ovo, já que, segundo a artista “é a melhor forma acústica”.
- Em 2012, a exposição a céu aberto “Call Parade”, organizada pela Vivo, homenageou o Orelhão e sua criadora, ao expor na cidade de São Paulo, cem orelhões customizados por artistas e designers renomados.
- Também em São Paulo, o Orelhão fez parte da exposição “Ícones do Design”, no Museu da Casa Brasileira.
- O Orelhão integrou a exposição “Tão longe, tão perto”, organizada pela Fundação Telefónica, no Museu de Arte Brasileira da Faap.
- Nos anos 1990, com a popularidade dos orelhões, era muito comum fazer coleções dos cartões telefônicos, que possuíam diversas estampas e desenhos.
- As estampas variam: Desde animais típicos do Brasil, a monumentos históricos, passando por desenhos.
- As coleções ainda existem, e alguns dos cartões chegam a custar R$2.000.
- Para unificar a história do orelhão no Brasil, foi criado um site com todas as informações do aparelho, desde de sua concepção, até os tempos de hoje. É possível acessar a arte conceitual e como os mesmos foram idealizados.
Lembre-se de usá-los
Apesar do uso de celulares, e outras ferramentas de comunicação, o orelhão ainda é uma forma válida de comunicação, além de viável para solução de problemas e emergências. Seu custo-benefício é inegável e por isso deve ser lembrado como uma peça-chave para o cenário brasileiro.
E fica aqui a dica: Sempre carregue um cartão telefônico com você! Nunca se sabe quando será necessário usá-lo 🙂
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