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Huawei em São Paulo: empresa vai investir US$ 800 milhões

huawei em são paulo

A empresa chinesa Huawei confirmou em agosto que vai investir US$ 800 milhões em São Paulo entre 2020 e 2022. Os planos futuros da fabricante no Brasil movimentaram os noticiários. De um lado, o governo do Estado anunciava grandes investimentos e a instalação de uma nova fábrica. De outro, a Huawei mantinha cautela e dava alguns passos para trás em comunicados à imprensa.

Por fim, a empresa confirmou o aporte financeiro de 800 milhões de dólares. O investimento deve acontecer por meio de várias iniciativas. No entanto, a construção de uma nova fábrica no Estado ainda não é certa.

Recentemente a empresa anunciou também uma parceria com a OI, saiba mais sobre isso neste artigo.

Veja aqui neste artigo os detalhes da inserção da Huawei em São Paulo e no mercado brasileiro e saiba mais sobre a segunda maior fabricante de smartphone do mundo.

 

Huawei em São Paulo: A novela governo x empresa x imprensa

Os rumores sobre novos passos da Huawei no Brasil estavam ainda silenciosos até o início do mês de agosto. A empresa que já tinha dois pontos de venda em São Paulo — um no Morumbi Shopping e outro no Shopping Eldorado — inaugurou mais três quiosques. Nos dias 7, 8 e 9 foram lançados os pontos de venda em Campinas, no Parque Dom Pedro Shopping, no Rio de Janeiro, no Barra Shopping, e em Brasília, no Park Shopping.

No anúncio dos novos pontos em seu site, a empresa declarou entusiasmo. “Viemos ao País para ficar. Enxergamos os consumidores brasileiros como ávidos por novidades e lançamentos tecnológicos”, disse Marcelo Gentil, diretor de vendas.

Mas não parou por aí. No dia 9, um comunicado do governo estadual anunciou um investimento de US$ 800 milhões da Huawei em São Paulo e a construção de uma nova fábrica. O governador João Doria e secretários estiveram em Xangai, na China, reunidos com Steven Shen, vice-presidente da Huawei Brasil, e outros representantes da empresa. 

De acordo com a nota da assessoria do governo, a definição da cidade para instalação da fábrica seria dada “por meio das circunstâncias de logística, disponibilidade de mão de obra, condições técnicas de implantação do novo site e da nova fábrica”. Além disso, a fábrica não iria suportar apenas o mercado brasileiro como também iria exportar para outros países da América do Sul.

Nota da Huawei à imprensa

Enquanto o governo estadual se antecipou nos resultados da reunião, a empresa foi mais cautelosa ao comentar seus planos. Em nota à imprensa, a Huawei afirmou que estava “considerando” a instalação da nova fábrica, dada como certa pelo governador. Isso porque tudo dependerá do desempenho dos smartphones que já foram lançados por aqui em maio. Veja a declaração:

“A Huawei está no país há 21 anos, sempre presente na transformação digital do Brasil, do 2G até o 4.5G. E agora, na era do 5G, não será diferente. A empresa está animada com as oportunidades no cenário brasileiro e, conforme o desenvolvimento da performance da operação dos smartphones da Huawei no mercado local, considera instalar uma fábrica em São Paulo em um futuro próximo. Mais detalhes serão divulgados em momento oportuno”.

À revista Exame, a fabricante comentou sobre o “futuro próximo” citado na nota. Segundo a empresa, dado o contexto de guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, seria imprudente dar algum tipo de previsão ou data concreta. Ao site G1, a empresa confirmou o aporte financeiro de 800 milhões de dólares, que deve acontecer entre 2020 e 2022, por meio de iniciativas como capacitação profissional e manufatura. Contudo, reforçou que a nova fábrica depende do desempenho dos seus dois modelos de smartphone que circulam no país atualmente.

A Huawei fechou o segundo trimestre de 2019 inserindo cerca de 55 milhões de novos smartphones no mundo todo. Isso significa um aumento de 4,6% em relação ao mesmo período de 2018, conforme dados da Counterpoint Research.

O resultado surpreendeu analistas, que afirmam que as sanções americanas e os atritos comerciais entre a China e os Estados Unidos serão sentidos nas vendas da fabricante no resto do ano. 

Huawei no Brasil

O primeiro investimento da fabricante no mercado brasileiro aconteceu ainda em 1999. A Huawei desembolsou US$ 30 milhões numa fábrica construída no município de Campinas. A empresa mirava na época na venda de equipamentos eletrônicos como servidores, roteadores e produtos para operação em redes de banda larga. Desde o início do século, a Huawei já liderava o mercado chinês e buscava a expansão para mercados internacionais.

A produção de smartphones da Huawei no Brasil começou em 2013, numa parceria com a Compal Electronics em Jundiaí (SP). Na época, a empresa ocupava a quinta posição entre as maiores fabricantes de celulares do mundo. Da parceria saiu o modelo Ascend G510, modelo intermediário que foi vendido por R$ 700. No entanto, as vendas não foram expressivas para compensar e manter a produção.

Um retorno da Huawei foi ensaiado em 2018. Dessa vez por meio de uma parceria com a Positivo, para lançamento do P20 Pro e de um modelo intermediário da linha Nova. Entretanto, o acordo não vingou e o retorno dos smartphones da Huawei no Brasil foi sair só em 2019.

A empresa possui atualmente uma fábrica no município de Sorocaba (SP) que emprega 2 mil pessoas diretamente e possui mais de 15 mil funcionários indiretos. Em maio de 2019 a fabricante apostou no lançamento de dois modelos: o Huawei P30 Pro e o P30 Lite. O primeiro é um modelo premium, reconhecido com a melhor câmera de smartphones do mundo em 2019. O segundo é um modelo intermediário e lançado de forma exclusiva para o mercado brasileiro.

No Compara Plano nós já publicamos um artigo mais específico sobre os dois modelos lançados pela Huawei. Confira aqui

A corrida do 5G e a guerra comercial

Atualmente, o principal fator de instabilidade para os planos da Huawei em São Paulo e no mercado internacional como um todo é a relação conturbada entre os governos dos Estados Unidos e da China. 

O presidente norte-americano Donald Trump chegou a colocar a fabricante em uma lista de empresas que representariam uma ameaça à segurança nacional. Isso porque a Huawei já foi acusada por organizações americanas como a CIA e o FBI de espionagem por meio de seus dispositivos e de ser controlada pelo governo chinês. O decreto que impede empresas americanas de negociar com a chinesa vem sendo prorrogado e, até então, nada mudou. 

A briga entre os países acontece no contexto da chegada do 5G, a quinta geração de internet móvel. Até então, a Huawei lidera as pesquisas com a tecnologia que promete revolucionar completamente a maneira como utilizamos a internet.

Sistema operacional próprio

Além disso, a Huawei já vem se preparando para a disputa há alguns anos. Desde 2012 a empresa trabalha em um sistema operacional próprio para rodar em seus smartphones. Porém, após a pressão dos Estados Unidos, a companhia parece ter juntado esforços para que o projeto saia do papel e, no início de agosto, lançou o Harmony OS.

A implantação do Harmony irá começar pela China, mas a Huawei já estimula a comunidade de desenvolvedores de aplicativos a criarem soluções para o seu sistema operacional, visando competir em breve com o Android no mercado internacional.

Um desses mercados onde o Harmony terá um grande desafio pela frente é o Brasil, que atualmente tem o Android rodando em 9 de cada 10 smartphones, de acordo com a IDC. Por enquanto, o que vale para os celulares da Huawei no Brasil ainda é o Android.

Em esclarecimento à revista Exame, a Huawei afirmou logo após o anúncio do bloqueio americano que “a empresa continuará a fornecer atualizações de segurança e serviços de pós-venda do Google para todos os produtos Huawei existentes no portfólio”. 

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