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Piloto automático: Tesla é processada por acidente fatal

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É provável que em 2040 a carteira de motorista não seja uma licença tão comum quanto é hoje. De acordo com um estudo do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, organização estadunidense, até lá, 75% dos carros já serão autônomos. Primeiramente testada pelo Google em 2010, a tecnologia para criação de carros autônomos vem crescendo rapidamente. Atualmente, a Tesla é um dos exemplos de empresa que investe pesado na tecnologia.

Veículos como o Model X, Model S e Model 3 da Tesla já estão no mercado com a função de piloto automático. No entanto, algumas restrições da tecnologia somada à desinformação dos usuários têm demonstrado que essa equação pode ser fatal. 

Em março de 2019, na Flórida, um acidente envolvendo um Tesla Model 3 terminou na morte do motorista. Meses depois, após as investigações avançarem, a família da vítima anunciou que estava entrando com um processo contra a empresa, uma vez que a função de piloto automático estava ligada. Os familiares pedem 15 mil dólares de indenização e acusam a empresa de ser responsável pela morte.

O caso da Flórida já é o quarto registro de acidente fatal com um veículo da Tesla no modo piloto automático. O primeiro aconteceu em 2015, quando Joshua Brown, de 40 anos, morreu ao colidir com um caminhão. Nem o motorista ou os sensores do piloto automático conseguiram desviar. Um mês antes, Joshua havia publicado um vídeo no YouTube elogiando as funções automáticas do Model S da Tesla. 

Saiba mais neste artigo sobre como funciona a tecnologia que promete tornar os carros autônomos e quais as polêmicas envolvendo acidentes fatais com modelos da Tesla. 

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O acidente com o Tesla Model 3 na Flórida

No dia primeiro de março de 2019, Jeremy Beren Banner, de 50 anos, pilotava um Tesla Model 3 nas ruas de Palm Beach, na Flórida. Ele estava a quase 110 km por hora quando ativou a função piloto automático. O sistema não conseguiu desviar de um caminhão que cruzava na transversal e acabou colidindo. O carro teve o teto arrancado e foi parar a quase 500 metros do local de impacto. Jeremy chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

A briga judicial entre os familiares e a Tesla agora diz respeito, basicamente, a um detalhe crucial: se Jeremy tinha ou não as mãos sobre o volante no momento do acidente.

Sim, o piloto automático é a tecnologia que promete carros autônomos e o fim da figura do motorista como conhecemos. Porém, hoje, ela ainda não funciona dessa forma. A Tesla reitera que a automatização dos seus modelos é apenas parcial. Isso significa que ainda é necessário manter as mãos ao volante durante o trajeto. “As funcionalidades atuais de piloto automático requerem uma supervisão ativa do condutor e não tornam o veículo autônomo”, diz a Tesla em seu site.

No caso de Jeremy, de acordo com as primeiras investigações da National Transportation Safety Board (NTSB), o piloto automático foi ativado cerca de 10 segundos antes do acidente. Além disso, as mãos do motorista “não foram detectadas” no volante nos 8 segundos anteriores à colisão e não há indícios de manobras para desviar do caminhão.

Contudo, o termo “não detectado” gera dúvida, pois os relatórios de investigação não garantem que Jeremy estava distraído. Ele poderia estar com as mãos repousadas no volante, sem aplicar a pressão necessária para detecção.

Além disso, o advogado da família diz que a Tesla possui gravações das câmeras internas – material ao qual a família não teve acesso.

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O que diz a Tesla

De acordo com a empresa, os dados do veículo mostram Jeremy “retirando imediatamente as mãos do volante”. Na época do acidente, um porta-voz da empresa prestou condolências e reiterou a importância de atenção durante o piloto automático. Veja a declaração:

“Nós estamos profundamente entristecidos com o acidente e nossos pensamentos estão com aqueles afetados pela tragédia. Usuários da Tesla já viajaram mais de um bilhão de milhas com o piloto automático ligado. Segundo nossos dados, quando usado por um motorista atento e preparado para retomar o controle a qualquer momento, motoristas auxiliados pelo piloto automático estão mais seguros do que aqueles sem assistência.”

Mesmo assim, a empresa e seu CEO Elon Musk têm sido criticados por confundir os usuários. Em entrevista, o empresário já atribuiu os acidentes com os veículos da Tesla à “complacência de usuários inexperientes que acham que sabem mais sobre o piloto automático do que realmente sabem”. 

Porém, a empresa costuma vender a tecnologia garantindo sua capacidade de “completa auto-direção”. Além disso, o próprio Musk já abusou da função durante uma entrevista ao programa “60 minutes”, da CBS. “Não estou fazendo nada. Sem as mãos, sem os pés”, diz o empresário ao tirar as mãos do volante.

Confusão sobre o piloto automático

O funcionamento de carros semi autônomos e de suas funções automatizadas ainda não foi bem absorvido pelos usuários. Ao menos não nos Estados Unidos. A conclusão é de uma pesquisa do Instituto de Seguros para Segurança de Rodovias (IIHS), organização de segurança viária norte-americana.

Das 2 mil pessoas ouvidas, quase metade (48%) acreditava ser seguro tirar as mãos do volante. Outros comportamentos também foram considerados seguros pelos entrevistados. Entre eles, falar ao celular (34%), enviar mensagens de textos (17%), assistir a um filme (8%) e até dormir (6%) enquanto o carro se “auto dirige”.

Segundo o presidente do Instituto, David Herkey, ainda que a Tesla deixe claro no manual dos veículos que o objetivo do piloto automático não é liberar o motorista, essa mensagem não está sendo transmitida aos usuários.

Carros autônomos no Brasil

Quão preparado você acredita que o Brasil está para receber carros dirigindo automaticamente? Enquanto a tecnologia já circula no mercado internacional e alguns países discutem os diferentes níveis de carros autônomos, no Brasil, é provável que continuaremos assistindo essa tecnologia de longe por um tempo.

A empresa de auditoria KPMG realiza anualmente um estudo para medir o “Índice de Prontidão para o Uso de Veículos Autônomos”. Para determinar o índice, a KPMG leva em consideração quatro critérios: políticas e legislação, tecnologia e inovação, infraestrutura e aceitação dos consumidores. 

Em 2018, o Brasil esteve na 17ª colocação dos 20 países analisados. Em 2019, a empresa aumentou o número de avaliados e elaborou um ranking com 25 países. E nós caímos. No ranking, o Brasil é atualmente o pior país para receber o uso de carros autônomos.

Contudo, segundo a pesquisa, há motivos para ser otimista. O estudo cita o trabalho realizado em universidades brasileiras envolvendo a tecnologia necessária para os veículos autônomos. Em 2013, por exemplo, um protótipo batizado de Carina foi desenvolvido e testado no campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). Em 2017, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) realizaram um trajeto de 74 km com um carro autônomo.

Para Maurício Endo, um dos líderes da KPMG na América Latina, o Brasil “adota facilmente novas tecnologias. Se empresas e governo decidirem adotar os veículos autônomos e os preços forem competitivos, então acredito que consumidores irão utilizar rapidamente”.

Ranking completo

Veja o ranking 2019 completo da KPMG dos países prontos a receber a tecnologia: 

1º – Holanda
2º – Cingapura
3º – Noruega
4º – Estados Unidos
5º – Suécia
6º – Finlândia
7º – Reino Unido
8º – Alemanha
9º – Emirados Árabes
10º – Japão

11º – Nova Zelândia
12º – Canadá
13º – Coreia do Sul
14º – Israel
15º – Austrália
16º – Áustria
17º – França
18º – Espanha
19º – República Checa
20º – China
21º – Hungria
22º – Rússia
23º – México
24º – Índia
25º – Brasil

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