É a segunda vez consecutiva que o lucro do YouTube é o mais alto entre os aplicativos em um trimestre. De acordo com um relatório divulgado pela Sensor Tower, empresa americana de monitoramento, a plataforma arrecadou cerca de US$ 138 milhões no segundo trimestre de 2019 — o que representa mais do que o dobro do faturamento do ano passado. Os dados de receita divulgados consideraram informações coletadas via AppStore e Google Play Store entre o período de 1° de abril de 2018 e 30 de junho de 2019.
A maior parte desta arrecadação é proveniente dos usuários Estados Unidos (70%). Em seguida, representando cerca de 7%, está o Japão. A diferença nas porcentagens pode ser explicada pela disponibilidade dos serviços pagos da plataforma. A YouTube TV, que permite a transmissão ao vivo de canais de televisão diretamente pelo aplicativo, é uma ferramenta exclusiva dos usuários norte-americanos e a assinatura do YouTube Premium é mais comum no Brasil.
Outro fator de influência a ser considerado no lucro do YouTube, neste caso, é a popularidade do aplicativo entre os usuários de aparelhos da Apple nos Estados Unidos, seguindo o contrafluxo da população mundial e a hegemonia dos dispositivos com sistema Android. Enquanto permanece no topo dos apps de vídeo em que os usuários mais gastam na AppStore, o YouTube nem sequer aparece entre as dez maiores receitas da Google Play Store.
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As principais fontes de renda
Os anúncios, implementados em 2007 através de banners transparentes que desapareciam após 10 ou 15 segundos e ficavam no início dos vídeos, são responsáveis pelo lucro do YouTube.
Atualmente, as empresas podem escolher pagar valores irrisórios como R$0,10 ou R$,30 por visualização de anúncio — levando em conta fatores como qualidade do vídeo, segmentação de público e objetivos gerais. O próprio YouTube informa, em sua aba de publicidade, que o custo médio de investimentos é de menos de R$20,00 por dia em campanhas locais.
Um dos atrativos é a informação de que o valor é pago apenas quando os usuários escolherem assistir ao anúncio. Para serem consideradas válidas, as campanhas devem estar vinculadas ao Google Ads — a plataforma de publicidade que veicula anúncios ao Google.
Outros serviços rentáveis oferecidos pelo YouTube ainda incluem o aluguel de filmes, o Youtube Premium — em que é possível assistir vídeos sem anúncio, mantê-los rodando em segundo plano nos dispositivos móveis e baixá-los para assistir offline — e o Youtube Music, para o streaming de músicas.
O lucro do YouTube também vem do conteúdo produzido. A chamada revenue share é retirada antes do repasse aos criadores de conteúdo. Embora as cifras reais não sejam divulgadas, publicações como o Business Insider estimam que a cota em cima dos vídeos monetizados é de 45%.
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O balanço financeiro positivo é recente
Até alguns anos atrás, entretanto, a história era outra. De acordo com uma reportagem da Folha de São Paulo publicada em fevereiro de 2015, o jornal “Wall Street Journal” divulgou que o site gerou cerca de US$4 bilhões em 2014. O valor, representando cerca de 6% da receita do Google na época, demonstrava que, apesar da popularidade, a plataforma não gerava lucro. Com o desconto dos custos, as contas terminavam zeradas. A publicação ainda afirmava que a culpa era atribuída aos consumidores, adolescentes e pré-adolescentes sem poder real de compra e consumo.
Criado em 14 de fevereiro de 2005 por Chad Hurley, Steven Chen e Jawed Karim, o YouTube surgiu como uma alternativa para assistir vídeos na internet — o que, na época, era uma tarefa difícil. O primeiro upload do site foi feito justamente por um de seus fundadores: em 18 segundos, Jawed Jarim faz um vlog de sua visita ao zoológico e fala sobre elefantes. A partir daí, a plataforma começou a chamar a atenção. A Nike foi a primeira empresa a publicar uma propaganda, o hoje vídeo histórico de jogador Ronaldinho Gaúcho calçando chuteiras novas e acertando chutes seguidos no travessão.
Com o crescimento da popularidade e o engajamento dos usuários na publicação de conteúdo, o YouTube se tornou um negócio com perspectiva de futuro e foi adquirido pelo Google pelo valor de US$1,65 bilhões em outubro de 2006. Hoje, os usuários do Youtube representam quase um terço da internet.
Mais de um bilhão de pessoas consomem o conteúdo da plataforma, e cerca de 70% deles o fazem através dos dispositivos móveis. Estatísticas fornecidas pelo próprio YouTube informam que mais de um bilhão de horas são assistidas diariamente, gerando bilhões de visualizações.
Lucro do YouTube também para quem cria o conteúdo
Desde a implementação da geração de lucros para os criadores de conteúdo, em 2007, o número de canais com receitas anuais de seis dígitos sobe 40% ano a ano. Aqueles com receitas de cinco dígitos, por outro lado, sobem 50%. Além disso, nos últimos cinco anos, o programa para pagamento de direitos autorais — chamado de Content ID — gerou cerca de US$ 2 bilhões para os cerca de 9 mil parceiros, que incluem grandes redes de transmissão, estúdios de cinema e gravadoras.
O método usado para estabelecer o lucro tirado das views de um vídeo é chamado de CPM (custo por mil). Ou seja, a monetização acontece apenas a cada mil visualizações. Os critérios, contudo, não são divulgados pela plataforma. De acordo com uma reportagem publicada pela Superinteressante em julho de 2018, o valor médio das visualizações costuma ficar entre US$0,60 e US$5. Na cotação atual do dólar, a conversão de valores para reais resulta em torno de R$2,45 e R$20,43 por mil views.
Contudo, o lucro do YouTube se altera dependendo da popularidade de quem produz o vídeo. Há uma relação direta com o número de inscritos nos canais de um youtuber, como são chamados os criadores de conteúdo, e sua frequência de produção. Para estarem aptos à monetização, os vídeos não podem infringir nenhum tipo de copyright. Ou seja, o criador precisa deter 100% dos direitos autorais do que for exibido. O uso de músicas famosas como trilha sonora, por exemplo, acaba com a monetização.
Nem toda visualização é monetizada
As únicas visualizações que contam para o lucro são aquelas que interagem diretamente com os anúncios. Para que o valor seja computado, o usuário precisa clicar nele ou, no caso dos vídeos, assistir no mínimo 30 segundos. Mas, caso use programas bloqueadores de anúncio, como Adblock e seus similares, essa visualização não é monetizada.
Desta forma, o valor acaba sendo determinado por uma série de fatores diferentes. Entre eles estão o valor pago pelo anunciante, a relevância do canal e a popularidade do youtuber. Sem uma fórmula exata, estima-se que a média seja de US$1 e alguma coisa por visualização.
De acordo com uma lista divulgada pela Forbes no ano passado, o canal mais lucrativo da plataforma pertence a uma criança. O americano Ryan Kaji, hoje com oito anos, arrecadou cerca de 22 milhões em 2018. Atualmente, o canal RyanToysReviews conta com 21.1 milhões de inscritos e 31.1 bilhões de visualizações totais.
Em segundo lugar, o também americano Jake Paul lucrou cerca de US$21,5 milhões com seus vídeos. O pódio fechou com uma equipe esportiva chamada Dude Perfect, com US$20 milhões. Somadas aos outros sete lugares da lista, as arrecadações do ano passado chegaram aos 180 milhões de dólares. O valor representa um crescimento de 45% em comparação ao ano anterior.
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